Ryan Kunkel Maconha virou o maior lucro para os americanos |
SEATTLE – Em seu escritório no segundo andar de um pequeno
edifício no norte de Seattle, Ryan Kunkel está sentado em um sofá colocando
milhares de dólares em um saco de papel marrom amarrotado. Quando ele termina,
esconde o embrulho na mala do seu BMW e parte em uma viagem, com alta
adrenalina, correndo em meio ao tráfego verificando se alguém está o seguindo.
edifício no norte de Seattle, Ryan Kunkel está sentado em um sofá colocando
milhares de dólares em um saco de papel marrom amarrotado. Quando ele termina,
esconde o embrulho na mala do seu BMW e parte em uma viagem, com alta
adrenalina, correndo em meio ao tráfego verificando se alguém está o seguindo.
Apesar do ar de criminalidade, não há nada de ilegal no que
Kunkel está fazendo. Ele é proprietário de cinco lojas de maconha medicinal e
neste dia está indo para o Departamento de Receita do Estado de Washington para
cometer o máximo em atos de cumpridores da lei: pagar impostos. Após cerca de
25 minutos na agência, Kunkel sai com um recibo US$ 51.321.
Kunkel está fazendo. Ele é proprietário de cinco lojas de maconha medicinal e
neste dia está indo para o Departamento de Receita do Estado de Washington para
cometer o máximo em atos de cumpridores da lei: pagar impostos. Após cerca de
25 minutos na agência, Kunkel sai com um recibo US$ 51.321.
Transportar grandes
quantidades de dinheiro é um risco terrível que me assusta um pouco, porque
tenho medo que próximo carro que surgir ao meu lado possa ser de um grupo de
sequestradores – diz ele. – Então, nós temos que jogar este jogo interminável
com diferentes carros, rotas e datas.
quantidades de dinheiro é um risco terrível que me assusta um pouco, porque
tenho medo que próximo carro que surgir ao meu lado possa ser de um grupo de
sequestradores – diz ele. – Então, nós temos que jogar este jogo interminável
com diferentes carros, rotas e datas.
Comerciantes legais de maconha como Kunkel – principalmente
de maconha medicinal, mas também, a partir deste ano, de lojas que vendem
maconha recreativa no Colorado e Washington – convivem com uma situação
atípica: seus negócios são realizados quase que inteiramente em dinheiro,
porque é extremamente difícil para eles abrir e manter contas bancárias.
de maconha medicinal, mas também, a partir deste ano, de lojas que vendem
maconha recreativa no Colorado e Washington – convivem com uma situação
atípica: seus negócios são realizados quase que inteiramente em dinheiro,
porque é extremamente difícil para eles abrir e manter contas bancárias.
O problema resulta de retalhos de leis federais e estaduais
que evoluíram irregularmente em estados que já legalizaram alguma forma de
comércio de maconha. Embora 20 estados e o Distrito de Columbia permitam o uso
médico ou recreativo da droga – com outros com chances de seguir o mesmo
caminho -, a maconha continua a ser ilegal para a legislação federal. A Lei de
Substâncias Controladas, promulgada em 1970, classifica a maconha como uma
droga de Classe I, a categoria mais perigosa, que inclui também a heroína, LSD
e ecstasy.
que evoluíram irregularmente em estados que já legalizaram alguma forma de
comércio de maconha. Embora 20 estados e o Distrito de Columbia permitam o uso
médico ou recreativo da droga – com outros com chances de seguir o mesmo
caminho -, a maconha continua a ser ilegal para a legislação federal. A Lei de
Substâncias Controladas, promulgada em 1970, classifica a maconha como uma
droga de Classe I, a categoria mais perigosa, que inclui também a heroína, LSD
e ecstasy.
Bancos temem punições
Como resultado, os bancos, inclusive os com participação do
estado, estão relutantes em fornecer serviços tradicionais para as empresas que
trabalham com a maconha. Eles temem punições de reguladores e autoridades, como
multas elevadas, por violar proibições de lavagem de dinheiro, entre outras
leis e regulamentos federais.
estado, estão relutantes em fornecer serviços tradicionais para as empresas que
trabalham com a maconha. Eles temem punições de reguladores e autoridades, como
multas elevadas, por violar proibições de lavagem de dinheiro, entre outras
leis e regulamentos federais.
A regulação do setor
bancário é a questão mais urgente da indústria da cannabis legal hoje – afirma
Aaron Smith, diretor executivo da Associação Nacional da Indústria Cannabis em
Washington. Segundo ele, a venda legal de maconha nos EUA pode chegar a US$ 3
bilhões este ano. – Tanto dinheiro circulando fora do sistema bancário não é
seguro e não é do interesse de ninguém. A lei federal precisa ser harmonizada
com as leis estaduais.
bancário é a questão mais urgente da indústria da cannabis legal hoje – afirma
Aaron Smith, diretor executivo da Associação Nacional da Indústria Cannabis em
Washington. Segundo ele, a venda legal de maconha nos EUA pode chegar a US$ 3
bilhões este ano. – Tanto dinheiro circulando fora do sistema bancário não é
seguro e não é do interesse de ninguém. A lei federal precisa ser harmonizada
com as leis estaduais.
As limitações criaram encargos únicos para os empresários da
maconha legal. Eles pagam os empregados com envelopes de dinheiro. Transportam
sacos de Chipotle e Nordstrom contendo milhares de dólares em notas de US$ 10 e
US$ 20. Quando eles são capazes de abrir contas bancárias – muitas vezes sob
falsos pretextos – muitos armazenam o dinheiro em recipientes cheios de
purificadores de ar para mascarar o cheiro de maconha.
maconha legal. Eles pagam os empregados com envelopes de dinheiro. Transportam
sacos de Chipotle e Nordstrom contendo milhares de dólares em notas de US$ 10 e
US$ 20. Quando eles são capazes de abrir contas bancárias – muitas vezes sob
falsos pretextos – muitos armazenam o dinheiro em recipientes cheios de
purificadores de ar para mascarar o cheiro de maconha.
Preocupações com a segurança
O problema também gerou preocupações enormes de segurança
para os empresários. Muitos já instalaram botões de pânico para os
trabalhadores em caso de roubo e criaram uma constelação de câmeras de
segurança em suas instalações para além do que é exigido, bem como sensores de
pavimento para detectar invasões. No Colorado, o grupo Blue Line Protection foi
formado há alguns meses, especializado na proteção de lojas e instalações de
cultivo da maconha, e na prestação de segurança para o transporte. A empresa
utiliza em grande parte veteranos de guerra, com experiência de operações
especiais.
para os empresários. Muitos já instalaram botões de pânico para os
trabalhadores em caso de roubo e criaram uma constelação de câmeras de
segurança em suas instalações para além do que é exigido, bem como sensores de
pavimento para detectar invasões. No Colorado, o grupo Blue Line Protection foi
formado há alguns meses, especializado na proteção de lojas e instalações de
cultivo da maconha, e na prestação de segurança para o transporte. A empresa
utiliza em grande parte veteranos de guerra, com experiência de operações
especiais.
Donos de empresas de maconha desenvolveram estratégias para
evitar as suspeitas dos banqueiros. Criaram uma série de operações legais para
abrir contas por meio da criação de sociedades gestoras de participações com
nomes que obscurecem a natureza do negócio. Alguns donos simplesmente usam
contas bancárias pessoais. Outros têm contado com a ajuda de gerentes de bancos
locais dispostos a arriscar e torná-los clientes, ou mesmo oferecer dicas sobre
como escolher nomes de empresas.
evitar as suspeitas dos banqueiros. Criaram uma série de operações legais para
abrir contas por meio da criação de sociedades gestoras de participações com
nomes que obscurecem a natureza do negócio. Alguns donos simplesmente usam
contas bancárias pessoais. Outros têm contado com a ajuda de gerentes de bancos
locais dispostos a arriscar e torná-los clientes, ou mesmo oferecer dicas sobre
como escolher nomes de empresas.
Mas as instituições financeiras encerram muitas dessas
contas após concluírem que as empresas o negócio é muito arriscado. Não é
incomum para um negócio legal de maconha passar por meia dúzia de contas
bancárias em poucos anos. Enquanto eles estão ativos, no entanto, estas contas
podem sofrer restrições informais, como o depósito de pequenas quantias e
durante a noite, para evitar que o sistema bancário alerte para atividades
suspeitas em casos de grande movimentação de dinheiro.
contas após concluírem que as empresas o negócio é muito arriscado. Não é
incomum para um negócio legal de maconha passar por meia dúzia de contas
bancárias em poucos anos. Enquanto eles estão ativos, no entanto, estas contas
podem sofrer restrições informais, como o depósito de pequenas quantias e
durante a noite, para evitar que o sistema bancário alerte para atividades
suspeitas em casos de grande movimentação de dinheiro.
Abrir conta não é problema, a questão é mantê-la
Na maior cooperativa de crédito no Estado de Washington, a
BECU, cerca de 20 contas foram fechadas nos últimos três anos, depois que se
descobriu que eram para as empresas do comércio legal de maconha, informa Todd
Pietzsch, porta-voz da cooperativa.
BECU, cerca de 20 contas foram fechadas nos últimos três anos, depois que se
descobriu que eram para as empresas do comércio legal de maconha, informa Todd
Pietzsch, porta-voz da cooperativa.
Kristi Kelly, de 36 anos, dona de duas farmácias e com
operações crescentes com a maconha na região de Denver, conta que teve seis
contas bancárias canceladas nos últimos 18 meses.
operações crescentes com a maconha na região de Denver, conta que teve seis
contas bancárias canceladas nos últimos 18 meses.
Abrir a conta não é
necessariamente o problema – diz ela. – Nossos níveis de depósito em cumprem as
exigências dos bancos.
necessariamente o problema – diz ela. – Nossos níveis de depósito em cumprem as
exigências dos bancos.
Como as operações legais de maconha, em sua maior parte, não
conseguem obter empréstimos bancários, essas pequenas empresas têm que recorrer
a empréstimos de curto prazo, geralmente com taxas de juros mais elevadas. Para
ajudar, a revista “High TEMPOs” está lançando um fundo de private equity para
investir em empresas de maconha.
conseguem obter empréstimos bancários, essas pequenas empresas têm que recorrer
a empréstimos de curto prazo, geralmente com taxas de juros mais elevadas. Para
ajudar, a revista “High TEMPOs” está lançando um fundo de private equity para
investir em empresas de maconha.
Representantes de organizações em prol do comércio de maconha
destacam que dar permitir a abertura de contas permitiria maior transparência e
ajudaria a garantir que as jurisdições recebam os impostos a que têm direito.
Tanto empresários como bancos pedem orientações claras por parte do governo
sobre como as instituições financeiras podem servir essa indústria. Na última
sexta-feira, seis membros do Congresso do Colorado enviaram uma carta para o
Tesouro e ao Departamento de Justiça solicitando essa orientação.
destacam que dar permitir a abertura de contas permitiria maior transparência e
ajudaria a garantir que as jurisdições recebam os impostos a que têm direito.
Tanto empresários como bancos pedem orientações claras por parte do governo
sobre como as instituições financeiras podem servir essa indústria. Na última
sexta-feira, seis membros do Congresso do Colorado enviaram uma carta para o
Tesouro e ao Departamento de Justiça solicitando essa orientação.
Em agosto, o Departamento de Justiça emitiu uma nota
indicando que não iria reprimir a maconha legal, desde que oito exigências
regulatórias foram cumpridas, como a prevenção de receitas provenientes da
venda de maconha ser direcionada a empresas criminosas e a proibição da
distribuição de maconha a menores. Contudo, o documento não abordou o sistema
bancário.
indicando que não iria reprimir a maconha legal, desde que oito exigências
regulatórias foram cumpridas, como a prevenção de receitas provenientes da
venda de maconha ser direcionada a empresas criminosas e a proibição da
distribuição de maconha a menores. Contudo, o documento não abordou o sistema
bancário.
Richard Riese, vice-presidente na American Bankers
Association, afirma que os bancos querem orientações claras e abrangentes sobre
como fazer negócios com a indústria da maconha legal. Por exemplo, os bancos
querem saber se eles não estão agindo em cumplicidade com negócios criminosos
caso prestem serviços a empresas de maconha.
Association, afirma que os bancos querem orientações claras e abrangentes sobre
como fazer negócios com a indústria da maconha legal. Por exemplo, os bancos
querem saber se eles não estão agindo em cumplicidade com negócios criminosos
caso prestem serviços a empresas de maconha.
Os bancos vão
precisar de muitos detalhes dos órgãos reguladores para obter a satisfação e
conforto que estão procurando – disse.
precisar de muitos detalhes dos órgãos reguladores para obter a satisfação e
conforto que estão procurando – disse.
Fonte: Jornal O Globo