O ex-enfermeiro alemão Niels Högel admitiu, nesta terça-feira (30/10), na abertura de seu julgamento, que assassinou 100 pacientes, um caso sem precedentes desde a 2.ª Guerra. Após um minuto de silêncio em memória das vítimas e da leitura da ata de acusação, o tribunal perguntou a Högel se as acusações contra ele estavam corretas.
“Sim, aconteceu” respondeu ele, em voz baixa. Surpresas, as pessoas presentes receberam as confissões em silêncio.
Pouco antes, o acusado havia escutado, de cabeça baixa e sem esboçar expressão, os nomes das 100 pessoas que ele matou, lidos pela promotora Daniela Schiereck-Bohlmann.
Högel, 41 anos, que já cumpre uma pena de prisão perpétua há quase seis anos por seis crimes semelhantes. Ele enfrentou os olhares de dezenas de parentes das vítimas no centro poliesportivo de Oldenbourg, por falta de espaço no tribunal.
Estresse
Todos querem que a justiça seja feita para encerrar o luto, mas também para entender como o enfermeiro foi capaz de cometer tais crimes entre 2000 e 2005 nos hospitais onde trabalhou sem que seus empregadores, a polícia ou a Justiça reagissem.
Todos querem que a justiça seja feita para encerrar o luto, mas também para entender como o enfermeiro foi capaz de cometer tais crimes entre 2000 e 2005 nos hospitais onde trabalhou sem que seus empregadores, a polícia ou a Justiça reagissem.
“Todos os elementos estavam lá. Não era preciso ser um Sherlock Holmes” para perceber que um assassino estava agindo, afirmou o neto de uma vítima, Christian Marbach.
Questionado pelo tribunal, Högel começou a falar sobre sua vida e personalidade, explicando que se drogava com analgésicos para lidar com a pressão de uma unidade de terapia intensiva.
“Foi o estresse. Com as drogas, parecia mais fácil”, disse o acusado, acrescentando que deveria ter percebido que “este trabalho não era para ele”.
Prática
Durante cinco anos, primeiro no Hospital de Oldenbourg e depois no município vizinho de Delmenhorst, Högel injetou intencionalmente drogas em pacientes para causar parada cardíaca antes de tentar reanimá-los, na maioria das vezes sem sucesso.
Durante cinco anos, primeiro no Hospital de Oldenbourg e depois no município vizinho de Delmenhorst, Högel injetou intencionalmente drogas em pacientes para causar parada cardíaca antes de tentar reanimá-los, na maioria das vezes sem sucesso.
O motivo era o desejo de brilhar na frente de seus colegas, mostrando suas habilidades de ressuscitação, e “tédio”, de acordo com a Promotoria. Ele escolhia arbitrariamente suas vítimas, com entre 34 e 96 anos. O exame psiquiátrico ao qual foi submetido revelou distúrbios narcísicos e um pânico da morte.
Até agora, Högel nunca expressou verdadeiro remorso. E de acordo com colegas da prisão, ele se gaba de ser o maior criminoso desde a última guerra.
O atual julgamento diz respeito a 64 assassinatos em Delmenhorst e 36 em Oldenbourg. Contudo, os investigadores avaliam que o número real de vítimas seja mais de 200, o que é impossível provar porque muitas foram cremadas.