Mesmo com o Congresso parado por 15 dias para o recesso, o governo não está
disposto a dar trégua ao corpo a corpo que tem feito na base aliada para
engavetar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente
Michel Temer.
rendeu uma vitória significativa na semana passada, na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) da Câmara, na primeira batalha para rejeitar a denúncia contra
Temer por corrupção passiva. Um time será montado para monitorar os votos com
que o presidente já conta para enterrar o caso no plenário e partir para cima
dos indecisos. Nesse período, benefícios concedidos a “traidores” — os que
receberam emendas ou outro afago e votaram contra o governo — serão revistos.
Palácio do Planalto, há 80 deputados da base que ainda não sabem se votarão
contra ou a favor de autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a
acusação de que Temer cometeu o crime de corrupção passiva. Esses deputados
serão procurados pelo governo e deverão ser recebidos pessoalmente por Temer,
que mostrará a disposição do governo em atender a seus pleitos. Essa foi a
mesma estratégia usada para conquistar os votos necessários na CCJ: liberação
de emendas e cargos.
nem é cargo que o deputado quer, às vezes falta só um carinho. É uma ligação
não atendida por Michel, uma coisa simples de resolver — diz o deputado Beto
Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo.
apetites maiores, o governo tem no cardápio pelo menos duas pastas a serem
negociadas: o Ministério da Cultura, abandonado por Roberto Freire (PPS) quando
estourou o escândalo da JBS, e o Ministério da Transparência, que era comandado
por Torquato Jardim, realocado no Ministério da Justiça para reforçar a defesa
do governo.
votou em peso contra a denúncia na CCJ, já teria manifestado interesse em uma
dessas pastas. O nome da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) estaria circulando
para assumir a Cultura. O chamado centrão, que reúne partidos médios, ainda
pressiona para desalojar o PSDB dos quatro ministérios que ocupa, já que, pelas
contas da bancada tucana, cerca de dois terços dos deputados do partido votarão
pela aceitação da denúncia.
trocas de titulares feitas na CCJ, a pedido do Palácio do Planalto, a maioria
aconteceu nos partidos do centrão —PR, PP, PRB e PTB.
Embora
setores do governo digam que a votação da denúncia pode se arrastar por meses,
devido à falta de quórum, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma
que, no dia 2 de agosto, quando está marcada a votação, o plenário estará
cheio. Ele diz que o governo não tem interesse de deixar o assunto suspenso. E
a oposição, que poderia obstruir, também não vai querer ficar com a pecha de
que está enrolando, segundo Maia.
ALENCASTRO