Itamargarethe Corrêa Lima
Jornalista, radialista e advogada. Pós-graduada em Direito Tributário, Penal e Processual Penal. Pós-graduanda em Direito Civil, Processual Civil e Docência do Ensino Superior.
Na semana passada, refletiu-se sobre a face social da depressão, os números alarmantes, as pressões estéticas e o peso invisível das redes sociais. Hoje o olhar se volta para outro prisma, o da fé e da reconstrução interior.
A depressão é uma guerra silenciosa, e quem a enfrenta não é fraco muito menos preguiçoso. É alguém que luta diariamente contra a exaustão de existir.
Muitas vezes, o isolamento, confundido com egoísmo, é apenas um pedido de socorro que não encontra voz.
Do ponto de vista biológico, o transtorno envolve falhas na produção ou recepção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, substâncias que regulam o humor, o prazer e a motivação. Quando essas conexões se rompem, o mundo passa a ser visto através de um filtro de desesperança, e a cura não se resume à química.
A alma também adoece e precisa de amparo. Aceitar-se doente não é desistir, é o primeiro passo para lutar com consciência, reconhecendo que a mente pede tratamento e o coração, acolhimento.
Sob a ótica espiritual, muitos de nós ainda carregamos carmas de outras vidas, aprendizados não concluídos, dores não curadas e laços que retornam para nos ensinar a amar com mais consciência.
Nesse cenário, a família tem papel essencial, pois é dentro dela que se manifestam tanto os maiores desafios quanto as oportunidades mais profundas de crescimento emocional e espiritual.
Nem sempre conseguimos oferecer o amor que gostaríamos de dar ou receber, porque também fomos moldados por nossas próprias dores. Muitas vezes, o afeto é transmitido com falhas, cheio de ausências e de silêncios que se repetem de geração em geração. Romper esse ciclo exige empatia, escuta e a coragem de reconstruir vínculos com mais verdade e ternura.
A espiritualidade autêntica não elimina a dor, mas ensina a enfrentá-la sem perder o sentido da existência. Jesus mostrou com gestos simples que a caridade é o antídoto da solidão. Quando o ser humano volta o olhar para o outro, rompe o cárcere do próprio ego e reencontra o propósito de viver.
A cura não está apenas nos medicamentos, mas também no amor, no perdão, na escuta e na empatia. É na união entre ciência e espiritualidade que a vida se fortalece e o desespero perde espaço.
E os casos recentes de suicídios já noticiados no Maranhão reacendem o alerta para um problema que vai além da aparência. O mundo virtual exibe conquistas e sorrisos, mas raramente mostra o cansaço, o medo e a solidão.
Quando o sofrimento é escondido por tempo demais, ele se transforma em um peso que consome por dentro. A mensagem é clara, digo, a depressão é doença, não fraqueza. É biológica, emocional e espiritual, por isso precisa ser enfrentada com coragem, tratamento e fé.
Cuidar da mente é um ato de sobrevivência, cuidar do outro é um ato de amor.
Se você ou alguém próximo está em sofrimento emocional, procure ajuda.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito e confidencial pelo telefone 188.
Mais informações em www.cvv.org.br.
Essa semana ficamos por aqui. Até breve!











