Por: Mauro Garcia
Em São José de Ribamar, os discursos oficiais falam de “medidas preventivas” e “pontos de apoio”. No entanto, para os moradores, a realidade que emerge das ruas vai além da negligência: é o palco de uma cena quase distópica, onde até ratos, urubus, caramujos e mosquitos parecem parabenizar o abandono.
Na Vila Dr. Julinho, uma praça na Rua Campos II, abandonada e cercada por tapumes, tornou-se um habitat perfeito para ratos e caramujos. Os buracos tomados pela lama transformaram-se em verdadeiros criadouros de mosquitos da dengue, enquanto urubus, atraídos pelo lixo acumulado, sobrevoam as áreas como se fossem os novos moradores ilustres.
No bairro Tijupá Queimado, o descaso é tão visível quanto o lamaçal que domina as ruas. Buracos cheios de água estagnada servem de morada para insetos, enquanto os moradores tentam, em vão, transitar pelas vias intransitáveis. Em locais como o Jota Lima, a precariedade atinge o auge na Escola São José de Ribamar, que deveria ser um refúgio, mas tornou-se um espaço marcado por mofo, infiltrações e carteiras empilhadas. Até os caramujos parecem mais confortáveis por lá do que as famílias desabrigadas.
As tendas improvisadas na quadra coberta são frágeis e instáveis, enquanto os “fardos de água e suprimentos básicos” parecem parte de um teatro de ilusões. Água é escassa, roupas são insuficientes, e a tão mencionada “força-tarefa” composta pela Semas e Semed enfrenta o impossível com recursos mínimos.
Nas ruas e nos abrigos, a presença de urubus e ratos simboliza o colapso das políticas públicas. Enquanto o lixo se acumula, o mosquito da dengue celebra, e as famílias desamparadas enfrentam noites de medo e insegurança. A falta de iluminação e o abandono institucional transformam o pesadelo em rotina.
Por trás das promessas do prefeito Dr. Julinho, o que se vê é uma gestão que, aos olhos dos moradores, parece ter perdido o rumo. Enquanto a população luta contra a lama, a fome e o abandono, os urubus, ratos e insetos se multiplicam como testemunhas da inércia do poder público.
Assim, a pergunta ressoa com ainda mais força: até quando os habitantes de São José de Ribamar enfrentarão a tempestade de descaso e abandono enquanto a gestão oferece soluções fantasmas?