Por Mauro Garcia: DRT/ MA.1279
O advogado Evandson Mafra apresentou nesta segunda-feira (25) a defesa de seu cliente, o empresário Francisco Canindé, acusado de homicídio em um caso que chocou o município de Amapá do Maranhão. Canindé, marido da atual prefeita da cidade, é acusado de matar um agricultor que havia negociado um terreno com ele.
De maneira controversa, Mafra argumentou que seu cliente agiu em legítima defesa. Segundo a versão apresentada, o agricultor estaria insatisfeito com os termos da negociação e teria ameaçado Canindé, supostamente portando uma arma de fogo sem registro, o que indicaria intenção de ataque.
O advogado afirma que, sentindo-se em perigo, Canindé reagiu para “preservar a própria vida”. No entanto, os detalhes narrados pela defesa levantam dúvidas sobre o contexto do crime. O agricultor, apontado como agressor pela defesa, não teria demonstrado qualquer reação ou oportunidade de ataque durante o ocorrido, o que contradiz a tese de legítima defesa.
A tentativa de justificar o ato como legítima defesa tem gerado indignação. Para muitos, a narrativa apresentada é mais um exemplo de como o poder econômico e político pode manipular o curso da justiça.
A frieza da ação e a ausência de chances para que a vítima se defendesse expõem a brutalidade do caso.
Além disso, o discurso do advogado, em tom que beira o cinismo, coloca em xeque o próprio código de ética da advocacia. Defender um cliente é obrigação profissional, mas quando isso envolve distorções e tentativas de reescrever os fatos, a linha entre o direito à defesa e a afronta à verdade parece perigosamente tênue.
O caso, que mistura tragédia e influências políticas, segue despertando debates sobre impunidade e privilégios em cenários de desigualdade social.