A Câmara da Educação Superior do Conselho Nacional de Educação
aprovou, no dia 20 de fevereiro, o parecer 39, sobre as Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos de Jornalismo. Agora, o documento segue
para revisão técnica e, posteriormente, para homologação do ministro da
Educação.
A proposta de novas diretrizes curriculares para os cursos de Jornalismo,
elaborada por uma Comissão de Especialistas nomeada pelo próprio MEC,
presidida pelo professor José Marques de Melo e composta também pelos
professores Alfredo Vizeu (UFPE), Luiz Motta (UnB), Sônia Virgínia Moreira
(UERJ), Manuel Chaparro (USP), Sérgio Mattos (UFBA), Eduardo Meditsch (UFSC)
e Lúcia Araújo (Canal Futura), foi entregue oficialmente ao MEC em setembro
de 2009. O processo de elaboração envolveu uma consulta pública pela internet
e três audiências públicas com participação de profissionais, professores, estudantes,
setores empresárias e entidades da sociedade civil.
Com o encaminhamento da proposta pelo MEC à CNE, a Câmara de Ensino Superior
do órgão promoveu nova audiência pública sobre o tema, em outubro de 2010.
Representantes da FENAJ, do FNPJ, da SBPJor, da Intercom, dentre outras
entidades e organizações presentes, praticamente de forma unânime, defenderam
a Proposta elaborada pela Comissão de Especialistas e pediram sua rápida
aprovação.
Considerando que a proposta representa melhora de qualidade na formação dos
jornalistas profissionais, é um avanço em relação às matrizes curriculares em
vigor desde 2001, e estranhando a demora na apreciação da matéria, em outubro
de 2012 as quatro entidades lançaram uma carta aberta pedindo audiência ao
MEC e CNE sobre as diretrizes curriculares do Jornalismo. Até o momento tal
audiência não se concretizou.
Recentemente foi obtida junto ao CNE a confirmação da aprovação do Parecer 39
pela Câmara de Ensino Superior do órgão e a notícia circulou rapidamente
através de listas de emails e redes sociais.
“Ao que sabemos houve algumas mudanças em relação ao projeto original,
mas que não destoam das propostas centrais defendidas pela FENAJ, FNPJ,
SBPJOr e Intercom. Acho que foi uma bela e justa vitória das entidades do campo
do Jornalismo”, comentou a diretora da FENAJ Valci Zuculoto.
Segundo Valci, as novas diretrizes trazem uma série de avanços em relação às
atuais, que mesmo quando foram lançadas, em 2001, já não atendiam às
reivindicações do campo do Jornalismo e da comunicação. Entre elas estão o
equilíbrio de teoria e técnica, desenhando um perfil adequado ao exercício do
Jornalismo na atualidade, estruturado a partir da função social do jornalista
e o interesse público que está reservado à sua prática, a volta dos “cursos
de graduação plena”, com autonomia curricular, ou seja, cursos específicos de
Jornalismo, sem abdicar de sua inserção histórica na área da comunicação e de
sua natureza acadêmica como ciência social aplicada e a atualização das
diretrizes de acordo com as transformações do Jornalismo, como a demanda para
atividades em assessoria de imprensa e a evolução tecnológica no Jornalismo.
“Dessa vez as entidades do campo do Jornalismo conseguiram ser ouvidas e
a proposta está mais próxima do que se precisa para a melhora do ensino de
Jornalismo. Neste sentido devemos parabenizar o MEC, pois foi do Ministério a
iniciativa de abrir o debate sobre a atualização das diretrizes
curriculares”, conclui Valci.
Entre outras questões, as novas diretrizes curriculares definem o estágio
como obrigatório, ampliam a carga horária mínima dos cursos de Jornalismo
para 3 mil horas, que o Trabalho de Conclusão de Curso possa ser um produto
jornalístico ou uma monografia e que os projetos político-pedagógicos serão
focados teórica e tecnicamente na especificidade do jornalismo, com atenção à
prática profissional e à formação na área das ciências humanas e sociais.
As entidades do campo do Jornalismo já solicitaram novamente uma audiência
com o MEC e prosseguirão acompanhando a tramitação da matéria.