O placar da votação, quase todos unânimes, evidencia o desprestígio e falta de apoio do prefeito Eduardo Braide
A harmonia, o respeito e a descentralização da soberania são os alicerces para a teoria de Montesquieu, que defendeu a divisão do poder entre o Legislativo, Executivo e Judiciário, sob o comando de pessoas distintas, objetivando evitar a tirania. Assim como o filosofo francês, o sistema de freios e contrapesos também vislumbra assegurar a relação amistosa entre os Poderes, entretanto, na capital maranhense, o Executivo e Legislativo vinham em rota de coalisão.
O apogeu se deu na manhã desta segunda-feira (21), quando o Legislativo Ludovicense reagiu ao tratamento desrespeitoso que vinha recebendo da Prefeitura. O fato aconteceu durante a sessão extraordinária realizada para analisar os 17 vetos do prefeito Eduardo Braide que, desde fevereiro do ano em curso, repousavam na Presidência na Câmara Municipal de São Luís.
Antes de adentrar ao plenário, os parlamentares se reuniram para analisar a pauta. Na oportunidade, o vereador Astro de Ogum(PCdoB) fez questionamentos e externou a indignação pelo tratamento recebido. “Quero lembrar aos colegas que precisamos sobreviver politicamente. Nossos eleitores estão nos cobrando. Em retaliação, as bases eleitorais estão abandonadas pelo Poder Público Municipal. Precisamos rechaçar esse tratamento, evidenciando que aqui a briga não é por emenda ou coisa parecida, já que esse dispositivo é um direito de cada um dos 31 vereadores, assim como é dos 42 deputados Estaduais, dos 513 deputados federais e 81 Senadores, mas, sim, por respeito. O comportamento do prefeito Eduardo Braide e seus auxiliares destinados a está casa, sem exceção, têm sido ofensivo. Já chega. Precisamos dar uma basta nessa situação”, defendeu Astro.
A fala do parlamentar, que é o decano no Poder Legislativo, foi ratificada por vários colegas, entre eles, os experientes Marquinhos(União Brasil) e Chico Carvalho(Avante). Durante a sessão, todas as mensagens do Executivo, em um fato inédito, foram derrubadas. Entre os votos desfavoráveis, que normalmente acompanhavam o Executivo, chamou atenção os das vereadoras Rosana da Saúde(Republicanos) e Silvana Noely(PTB), além de Gutemberg Araújo(PSC) e, ainda, o próprio líder do governo – Raimundo Penha(PDT).
“Tem sido inexplicável a postura da assessoria jurídica da Prefeitura Municipal de São Luís. Porque existem projetos que funcionam em outras cidades e aqui na capital não pode? Não podemos ficar calados”, disse Noely.
O O comunista, que tem como características o corporativismo e o coletivismo, também referendou o desserviço que a Prefeitura de São Luís vem causando à atuação dos parlamentares. “Os vetos causarão prejuízos ao nosso mandato e à sociedade, porque aqui estamos imbuídos de propósitos para pautar bons projetos, e assim temos feito pelo povo ludovicense. Não podemos sofrer as consequências da atuação de pessoas irresponsáveis, essa que é a verdade”, finalizou Astro.