Por Marco Antônio Martins, G1 Rio
Promotor é preso suspeito de receber propina da Fetranspor
A Polícia Federal (PF) prendeu nesta segunda-feira (3) em Copacabana, na Zona Sul do Rio, o promotor de Justiça Flávio Bonazza de Assis.
Segundo a polícia, Flávio preso na Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato, que buscava desarticular organização criminosa que atuava no setor de transportes urbanos do estado do Rio de Janeiro.
Promotor preso no Rio chega à sede da Polícia Federal — Foto: Henrique Coelho/G1 Rio
O MP afirma que Bonazza recebia R$ 60 mil de mesada de empresários de ônibus para agir, dentro do MP, em benefício do setor — como arquivar processos. Ele nega (veja mais abaixo).
Bonazza foi um dos cinco denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em novembro — na ocasião, a prisão do promotor foi pedida, mas não
Promotor preso no Rio chega à sede da Polícia Federal
A TV Globo apurou que havia indícios de que Bonazza estava apagando provas.
O Ministério Público Federal (MPF) corroborou a denúncia do MPRJ, e nesta segunda o juiz Marcelo Bretas expediu o mandado de prisão contra Bonazza.
Bretas também determinou o arresto de bens de Bonazza no valor de R$ 1,35 milhão.
Promotor Flávio Bonazza — Foto: Reprodução/GloboNews
Promotor delatado
A denúncia contra Bonazza e mais quatro, em novembro, tinha partido de um acordo de delação fechado com o empresário Lelis Teixeira.
Entre junho de 2014 a março de 2016, Bonazza — então na Tutela Coletiva da Cidadania da capital — recebeu vantagens indevidas de empresários que atuavam no transporte público do Rio.
Em troca de uma “mesada”, de acordo com as delações, Bonazza arquivaria inquéritos, retardaria investigações ou vazaria informações para a cúpula do setor.
A denúncia do MP afirma que Bonazza quis ter sob controle tudo que chegava sobre o tema ao MP.
“Em determinado momento, Bonazza, alegando pretensa prevenção, reivindicou junto a alguns dos promotores que os inquéritos civis, notícias de fato, representações e procedimentos administrativos que versassem sobre linhas de ônibus, lhes fossem encaminhados”, diz o texto.
Lelis afirmou ao MPRJ que a garagem da Viação Redentor era o local marcado para o pagamento da mesada-propina, todo dia 30 de cada mês.
Aposentadoria
Por lidar com um promotor de justiça, a denúncia foi distribuída ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça por conta da função.
No entanto, o Ministério Público confirmou no dia 14 de novembro a aposentadoria do promotor, depois de um pedido do próprio Flavio Bonazza.
Com isso, o caso foi enviado para a primeira instância.
O que diz Bonazza
Em nota nesta segunda-feira, a defesa técnica de Flávio Bonazza diz ter recebido “com absoluta indignação” a notícia sobre a prisão.
“Os fatos datam de 2016 e são baseados exclusivamente nas palavras de criminosos confessos sem qualquer prova de corroboração”, afirmou.
“O absurdo da prisão se torna ainda mais eloquente se consideramos que o Flávio Bonazza tem uma carreira imaculada e postulou em juízo para produção de uma série de provas para afastar por completo as falsas acusações que são lançadas criminosamente contra ele”, completou.
Em novembro, a defesa lamentou o “vazamento” de “acusações vazias e criminosas de um delator sem escrúpulos”.